CUIDAR OU VENCER EIS A QUESTÃO

A corrida de laboratórios e países em busca de uma vacina contra o novo coronavírus colocou-nos diante de uma encruzilhada moral: qual é o objetivo impulsionador dessa disputa? Encontrar a cura para a Covid-19 – que já matou mais de dois milhões de pessoas em todo mundo e mais de 226 mil brasileiros – ou simplesmente vencer esse desafio em busca de prestígio e fortuna? Certamente, estão em jogo não apenas milhões e milhões de dólares advindos da comercialização, mas também o poder de produzir e, até mesmo, de adquirir as quantidades suficientes para a imunização da população de cada país.

Sabemos que, em uma sociedade capitalista, o lucro é essencial às empresas e não há nada de errado nisso. No entanto, estamos diante de uma situação excepcional e que, a princípio, deveria requerer de todos (governantes, empresas, cientistas, sociedade global) uma visão muito mais humana e menos política ou financeira. Fico me perguntando se, com esforços conjuntos entre cientistas, universidades, laboratórios e empresas multinacionais, esse medicamento vital já não estaria disponível para todos, inclusive para os países mais pobres.

De outro lado, não há como não mencionar a politização que envolve a pandemia desde as primeiras notícias. Enquanto estudos científicos indicavam a ineficácia de alguns medicamentos, a lista de possíveis tratamentos clínicos da Covid-19 aumentava diariamente. Eficácia e exigibilidade x obrigatoriedade do uso da máscara, ciência x economia, nacionalidade da vacina, isolamento horizontal x vertical, auxílio emergencial foram alguns dos temas que transformaram o contexto da pandemia em um campo de batalha.

Enquanto as discussões tomavam (e ainda tomam) conta dos bastidores políticos e redes sociais, mais de 200.000 brasileiros perderam suas vidas e deixaram em suas famílias um vazio que jamais será preenchido. São pais, mães, filhos, avôs e avós cuja ausência será sentida todos os dias por aqueles que os perderam. E quantos mais ainda morrerão até que todos estejamos imunizados? Essa resposta depende da atitude individual de cada cidadão.

Ao contrário do que se pensava no início, a Covid-19 não é um risco apenas para os idosos e pessoas com alguma comorbidade, podendo atingir gravemente também pessoas jovens e saudáveis. É quase como um sorteio e ninguém consegue saber, antecipadamente, se, em caso de contaminação, será assintomático, com sintomas leves ou graves. Por enquanto, ainda estamos reféns e só nos resta confiar em Deus, esperar pacientemente pela disponibilização da vacina ao grupo a que pertencemos e continuar com os cuidados preventivos conforme orientação das autoridades de saúde.

Levar consigo um frasco de álcool em gel e usá-lo em curtos intervalos de tempo, usar a máscara, manter o distanciamento e evitar aglomerações não são demonstrações de falta de fé. Precisamos entender que Deus cuida de nós, mas que nós também precisamos fazer a nossa parte, com responsabilidade social e amor por quem nos é importante e, também, por aqueles que não conhecemos.
Lembre-se: mais de 200.000 não é um número aleatório ou um dado estatístico. São pessoas como eu e você que, infelizmente, não conseguiram vencer a batalha contra o coronavírus. Não relaxe nos cuidados, não caminhe na contramão da ciência, não pense que não pode acontecer com você ou alguém que você ama. Cuide-se, tenho fé que tudo isso vai passar e que Deus nos ajude a perseverar e resistir!