QUANDO O MILAGRE NÃO VEM


Vivemos uma vida em busca da felicidade. Todos queremos ser felizes, mas essa tal felicidade tem facetas diferentes a depender de aspectos pessoais e circunstâncias sociais. Por exemplo, para aquele que não tem energia elétrica em casa, ser feliz seria ter as facilidades da eletricidade, uma geladeira e uma televisão. Para quem tem acesso a esse recurso e utensílios domésticos, mas vive em uma cidade pequena, a felicidade poderia estar em morar numa cidade grande com inúmeras oportunidades profissionais.

Enfim, humanamente falando, o que me faz feliz pode não ter a menor importância para você e tantas outras pessoas. No entanto, a felicidade permanece como um alvo a ser alcançado, mesmo que este objetivo esteja em constante mutação. E, muitas vezes, ser feliz depende de um milagre que apenas Deus pode realizar. E, nesses momentos, quando o milagre não vem corremos o risco de descrença e revolta; instabilidade emocional e existencial; ausência de paz e fervor espiritual. O fato de Deus realizar o impossível em alguns, para alguns e algumas vezes são mistérios divinos e, por isso, a nossa fé não pode estar relacionada apenas aos benefícios que recebo. Precisamos compreender que o projeto de Deus para nossas vidas não se limita aos sinais de sucesso e prosperidade definidos pela sociedade em que vivemos.

Deus é muito maior que nossos anseios pessoais. Se para nós ser abençoado, geralmente, significa conforto e conveniências, olhando a vida de José descobriremos que, para Deus, santidade é melhor que conforto e sucesso; integridade é maior benção que felicidade (Gn 37). É preciso ter em mente, ainda, que o mesmo Deus está presente tanto na cura quanto no sofrimento. Ele está presente quando o milagre acontece e quando há dor: “Pela fé (…) obtiveram promessas, receberam pela ressurreição os seus mortos (…). Pela fé (…) foram torturados, provados, serrados pelo meio, mortos ao fio da espada (…). Ora, todos estes obtiveram bom testemunho por sua fé” (Hb 11:33-39). De tudo isso, o mais importante é a certeza de que Deus está sempre conosco, seja nos momentos de riso ou de lágrimas: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Assim, afirmemos confiadamente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei” (Hb 13:5,6). A partir do momento em que conseguimos entregar verdadeiramente nossas vidas a Ele, podemos descansar no amor e na fidelidade do Senhor, pois “o que faço não o sabes agora, compreendê-lo-ás depois” (Jo 13:7).

Somos seres humanos e sofrer não é uma fraqueza, mas uma realidade da qual não se pode fugir. Independente da fé, a dor existe, é real para quem a sente e negá-la é ser anti-humano e anticristão. É preciso tempo para processar o sentimento e, por isso, todos precisamos compreender e respeitar a dor do próximo. Jesus sofreu a perda de seu amigo Lázaro, respeitou o luto da família e chorou, mesmo sabendo que realizaria o milagre, e, com isso nos ensinou que não é proibido ao cristão sofrer. Contudo, quando a dor chegar, acontecerá de um jeito diferente e não como “os demais que não têm esperança” (1Ts 4:13). Achegar-se a Deus durante a tormenta é a nossa melhor opção. Muitas vezes, Deus prepara um culto, uma reunião de oração ou grupo familiar apenas com o propósito de consolar-nos e encorajar-nos. “E o Deus da Esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo” (Rm 15:13). Não sabemos a quem Deus vai favorecer e, enquanto viver, orarei para que o impossível aconteça, em todas as áreas e circunstâncias, em minha vida e na vida do povo de Deus.