CELEBRANDO A UNIADE

Não consigo me lembrar a primeira vez que ouvi a expressão “a união faz a força”. Mesmo que a princípio pareça uma mera frase motivacional ao trabalho em equipe, não há como negar a importância e relevância de seu conteúdo em qualquer aspecto da vida humana. É como a analogia, também exaustivamente utilizada, do feixe de bambu: a vara é frágil, mas o feixe resiste e não pode ser facilmente quebrado. Sozinhos, estamos vulneráveis; unidos, conseguimos resistir à adversidade.

A Missão Vida é um exemplo prático de que muito se pode fazer mediante a união de esforços em prol de um objetivo comum. Sozinho, talvez, eu tivesse conseguido ajudar algumas centenas de homens nesses 38 anos de trabalho com moradores de rua; junto à equipe de missionários e obreiros e aos mantenedores e parceiros, conseguimos atender, simultaneamente, cerca de 1.000 acolhidos no programa de recuperação e mais de 500 crianças em situação de vulnerabilidade. No âmbito da igreja, a unidade também precisa voltar a ser o foco de pastores e líderes. Somos dezenas e dezenas de denominações diferentes, no entanto, não podemos nos esquecer que a Cruz é a grande patrocinadora da unidade e é fundamental colocarmos o foco naquilo, ou melhor, nAquele que nos une. A cruz nos faz comunidade e família em Cristo Jesus – “Assim, pois, não sois mais estrangeiros, nem forasteiros, antes sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (Ef 2:19); e nos faz um com os diferentes –“Pois em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos quer livres; e a todos nós, foi dado beber de um só Espírito” (1Co 12:13).

O apóstolo Paulo, em sua Carta aos Efésios, ressalta que a percepção da unidade é resultado do discernimento da grandeza do amor de Deus. A partir daí, é possível compreender que a unidade do Espírito vem de nossas origens comuns: um só corpo (o corpo de Cristo); um só espírito (Espírito Santo); uma só fé (na Palavra); uma só esperança (Vida Eterna); uma só vocação (amar no amor de Cristo); um só batismo (selo da salvação); um só Pai (Deus-Pai). “Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo; Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós” (Ef 4:3-6).

Por outro lado, a unidade da fé decorre do equilíbrio entre dons e ministérios. “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente” (Ef 4:11-14).

Quando, como cristãos, conseguirmos compreender a dimensão da palavra unidade e a importância de cada um de nós para o Reino de Deus, certamente seremos aprovados diante do Senhor, permitindo que verdade e amor se encontrem e colocando um ponto final no hibridismo religioso. Existe uma só cabeça, que é Cristo; o restante é corpo, respeitadas as peculiaridades e funcionalidades individuais. “Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor” (Ef 4:15,16).