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Arquivos outubro 2020

REUNIÕES ONLINE ESFRIAM O AMOR?

“não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Is 41:10)

Temos vivido dias difíceis. Deus, no entanto, não nos prometeu uma vida sem tribulações. Muito pelo contrário. As Escrituras Sagradas, biografias de cristãos ao longo da história da humanidade e, até mesmo, nossas próprias experiências pessoais, levam-nos a perceber que problemas existem, em diferentes graus de intensidade, mas precisamos nos manter firmes na fé e nos princípios que norteiam nossas vidas.
Como cristãos, não podemos nos deixar abater, mas sim encontrar maneiras de superar as adversidades, confiantes naquele que é o Senhor Todo Poderoso. Na última semana, recebi um telefone de um amigo e advogado conceituado em Brasília manifestando sua preocupação com questões que têm sido aprovadas pelo Congresso Nacional que prejudicam o povo e, em especial, o povo de Deus. Em meio às ações destinadas à contenção da pandemia, um projeto de lei previa a proibição de realização de missas e cultos presenciais até outubro de 2020, no entanto este trecho foi suprimido e a questão permanece sendo definida em âmbito estadual.
Acredito que o fechamento dos templos provocará o esfriamento do amor e o distanciamento do povo de Deus, já que as reuniões online não têm se mostrado muito eficientes, principalmente pelo ambiente domiciliar propício à dispersão da atenção e dificuldade de concentração da maioria das pessoas. Por isso, gostaria de sugerir uma alternativa: que as reuniões religiosas sejam realizadas com apenas 10% (dez por cento) da capacidade máxima dos templos. Por exemplo, em uma igreja com 500 lugares, seriam permitidas apenas 50 pessoas. Assim, garantiríamos o distanciamento indicado pelas autoridades de saúde e manteríamos a comunhão com nossos irmãos. Cada congregação se responsabilizaria pela organização, distribuição de senhas e aumento na periodicidade dos cultos.
Eu tenho reunido um grupo em Anápolis/GO às quintas-feiras à noite e aos domingos, pela manhã e à noite. Os participantes são, em sua maioria, os moradores do Centro de Reintegração da Missão Vida, que já convivem diariamente e moram no mesmo espaço, e as primeiras reuniões tiveram cerca de 35 pessoas em um templo com capacidade para 620. No último domingo, alguns outros membros participaram do culto, entretanto, o número foi inferior a 60 irmãos que se sentaram bem distantes uns dos outros.
Se você, assim como eu, se preocupa com o fortalecimento da fé e do amor cristão em tempos Covid-19 e acredita que minha sugestão possa ser uma alternativa viável, escreva uma pequena manifestação e encaminhe ao prefeito de sua cidade, governador de seu estado, Câmara dos Deputados e Senado Federal. De alguma forma, precisamos deixar nossos governantes cientes de que congregar é essencial para nós, cristãos, pois precisamos do alimento que vem da Palavra de Deus e é transmitido durante nossos momentos de comunhão.
Àqueles que não concordam comigo, gostaria de ressaltar que essa não é uma ação contrária às medidas preventivas, mas sim uma opção para aqueles que precisam dos cultos e missas para se sentirem mais seguros e menos vulneráveis sem, contudo, comprometer sua saúde e sua vida.

ESTENDENDO O REINO DE DEUS

Andando pelas ruas de Jerusalém e arredores da Terra Santa, é possível perceber a simplicidade da vida de Jesus durante o tempo em que se fez homem. Nada, absolutamente nada naquele lugar pressupõe conforto, ostentação, riqueza. Muito pelo contrário. As pequenas casas de pedra dos vilarejos incrustados no deserto causticante são elementos que nos permitem concluir que Jesus viveu em meio a gente humilde, desprovida de posses materiais. A Bíblia relata que o filho de Deus nasceu numa manjedoura, foi criado por um carpinteiro, escolheu pescadores para companheiros de ministério. Claro que isso poderia ter sido diferente, se fosse da vontade do Pai. Entretanto, a opção pelos menos favorecidos pode levar-nos a uma conclusão: Deus Pai desejava que o foco de Jesus estivesse nos pobres e necessitados, assim como a atenção dos cristãos de hoje também deve estar. Você pode estar se perguntando o por quê? Estaria Deus Pai excluindo os ricos do plano da salvação? Jamais. Deus não exclui, não tem preferências, simplesmente porque Deus é amor. No entanto, quando o foco ministerial de Jesus é desviado da abastança, fica claro que este também precisa ser o cerne da conduta da Igreja. Não basta estarmos no conforto de nossas casas e igrejas climatizadas, precisamos chegar àqueles que não conhecemos e que precisam de um pouco de tudo: do alimento e cuidados básicos para o corpo ao alimento espiritual que sustentará suas almas. Olhar além das nossas próprias necessidades e enxergar e amar o próximo como a nós mesmos devem ser atitudes naturais de quem ama e serve ao Senhor.

“Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25:35-40)

É certo que nossa missão é levar o Evangelho a toda criatura, mas o evangelismo diretamente ligado à assistência social consegue chegar ainda mais além. É o amor de Deus colocado em prática, de uma forma palpável a quem é alcançado. Como falar a quem tem fome que Jesus é o pão da vida? Como fazê-lo acreditar que Deus cura, se as feridas o atormentam de dor? O evangelismo integral é oportunidade para envolver e preparar o coração para conhecer, amar e servir ao Senhor dos senhores. Alguns poderão dizer que tais atitudes não estão diretamente relacionadas à vida cristã porque não somos salvos pelas obras. Realmente não é o que fazemos que nos levará ao Reino dos Céus. Porém, nós fomos criados para as boas obras.

“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:10)

Não fazemos as obras para merecer a salvação, mas sim porque somos salvos e nos importamos com aqueles a quem o Senhor nos ordenou amar e cuidar.

“Ao SENHOR empresta o que se compadece do pobre, e ele lhe pagará o seu benefício” (Pv 19:17).

 

SE MEU PRÓXIMO PRECISAR DE MIM, NÃO EVITAREI O LUGAR OU A PESSOA

“Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.” Salmos 91:10-11

Dois jovens passavam por uma rua quando um deles disse: “Este é um local perigoso, evite andar por aqui”! O ouvinte, sem questionar, acreditou na afirmação e transmitiu a outros dois, que, por sua vez, também repassaram a informação. Em pouco tempo ninguém mais trafegava naquela rua. Até que alguém questionou o motivo de ser aquele trecho tão deserto e ninguém soube explicar. Às vezes, a transmissão de uma notícia ou ideia leva ao pânico e tem consequências graves, por isso, precisamos ter sabedoria para interpretar o que nos é passado.
o coronavírus é uma realidade, todavia, tenho mais medo do esfriamento do amor dos crentes das igrejas com suspensão dos cultos, que da pandemia em si.
É prudente obedecer as autoridades de governo e de saúde, mas se suspendermos os cultos, também devemos parar de andar de carro, fazer compras de supermercado, enfim, parar de viver. Esse é um momento muito oportuno e precioso para falar da volta de Jesus. Ao longo dos anos, muitos sinais vieram e este é mais um desses sinais.
Quando Deus queria amolecer o coração do Faraó para libertar o povo do Egito, muitas pragas vieram e algumas atingiram, inclusive, o povo de Israel. Apenas aquela em que o sangue do cordeiro foi passado nos umbrais das portas não chegou aos hebreus. Se pararmos de congregar, muitos terão seu amor esfriado. De outro lado, se congregarmos seguindo as orientações de que fiquem em casa as pessoas com sintomas da enfermidade; evitemos abraçar, beijar e ter contatos físico, evitaremos a proliferação do vírus.
A Missão Vida não pode interromper seus atendimentos. Quem cuidaria dos necessitados? Quem cuidaria dos mais de 800 internos? Martinho Lutero, durante a Peste Negra, afirmou: “Pedirei a Deus para, misericordiosamente, proteger-nos. Então farei vapor, ajudarei a purificar o ar, a administrar remédios e a tomá-los. Evitarei lugares e pessoas onde minha presença não é necessária para não ficar contaminado e, assim, porventura infligir e poluir outros e, portanto, causar a morte como resultado da minha negligência. (…) Se meu próximo precisar de mim, não evitarei o lugar ou a pessoa, mas irei livremente conforme declarado acima. Veja que essa é uma fé que teme a Deus, porque não é ousada nem insensata e não tenta a Deus”.
Os nossos internos estão, de uma certa maneira, mais protegidos que as pessoas que vivem nas cidades, porque os núcleos de recuperação são uma espécie de isolamento. Todos os cuidados serão tomadas, mas eles corriam mais risco fora que dentro do programa de recuperação, com ou sem coronavírus: visitas foram suspensas; a saída dos núcleos será reduzida ao essencialmente necessário; todas as recomendações das autoridades serão seguidas; acolhidos com sintomas de gripe comum serão colocados em repouso e isolamento por 14 dias.
Nossa comitiva com o Coral de 40 vozes de ex-mendigos cantando pelas crianças da África retornou de São Paulo e chegou a Goiás ontem à tarde. Foram feitas cinco apresentações com grande êxito. Todos que fazem parte do grupo estão em isolamento e serão observados com cautela no regresso a Cocalzinho/GO.
O Centro Educacional Vida em Anápolis, por se tratar de atendimento à crianças, terá suas atividades suspensas nas duas próximas semanas por determinação dos órgãos governamentais
Devemos nesse momento, orar por nós, pelos internos, mantenedores e colaboradores. Oremos pelo Brasil, pelo mundo, mas, sobretudo, pela África. A Europa e os países ricos têm infraestrutura e recursos financeiros, no entanto, os países pobres, em especial os africanos, não têm condições de lutar e superar uma pandemia dessa proporção. Oremos pela África. Enfim, oremos e não fiquemos em pânico.
A vontade do Senhor é soberana e mais poderosa do que qualquer pandemia.
“O justo jamais será abalado; para sempre se lembrarão dele. Não temerá más notícias; seu coração está firme, confiante no Senhor.” Salmo 112:6-7