AGRADANDO A DEUS E DESAGRADANDO AOS HOMENS

Unanimidade. Essa é uma palavra intrigante que significa, entre outras coisas, correspondência nas opiniões e que, independente do contexto, acaba por não existir em sua forma absoluta. Como cristãos, gostaríamos que o Evangelho e amor misericordioso e benigno de nosso Senhor e Salvador fosse uma unanimidade entre os seres humanos. Não o é e, portanto, sendo este, em nosso ponto de vista, o aspecto mais relevante para a vida humana, seria uma utopia acreditarmos que todos teriam o mesmo pensamento em questões menos significativas. Divergências existem desde os primórdios e não há como não nos posicionarmos diante delas. Inevitavelmente, como cristãos, nos vemos diante de situações em que agradar a Deus implica em desagradar pessoas que estão ao nosso redor ou até mesmo a uma multidão. Uma opinião formada e defendida pela maioria não significa que seja a melhor forma de agir ou o caminho certo a seguir. Assim disse o Senhor aos israelitas por meio de Moisés: “Não seguirás a multidão para fazeres o mal; nem numa demanda darás testemunho, acompanhando a maioria, para perverteres a justiça” (Ex 23:2). O grito que ecoa da massa nem sempre é a resposta aos anseios pessoais, entretanto, muitas vezes, pela conveniência de não ter que avaliar, opta-se a apenas acompanhar o grupo. Precisamos estar atentos por dois motivos que gostaria de ressaltar: 1. pessoas no meio da multidão geralmente não sabem o que fazem, somente seguem o fluxo: “Uns, pois, gritavam de um modo, outros de outro; porque a assembleia estava em confusão, e a maior parte deles nem sabia por que causa se tinham ajuntado” (At 19:32); 2. nem sempre a razão está com a maioria: “Mas os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram as multidões a que pedissem Barrabás e fizessem morrer Jesus. O governador, pois, perguntou-lhes: Qual dos dois quereis que eu vos solte? E disseram: Barrabás. Tornou-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, que se chama Cristo? Disseram todos: Seja crucificado. Pilatos, porém, disse: Pois que mal fez ele? Mas eles clamavam ainda mais: Seja crucificado” (Mt 27:20-23). A vida cristã nos traz desafios diários acerca de nosso posicionamento diante de situações corriqueiras, mas determinantes de nossa conduta como servos fiéis e obedientes ao que Deus espera de nós. A cada passo como cidadão, contribuinte, profissional e ser social (cônjuge, pai, irmão, aluno, professor, integrante de uma comunidade, membro de uma igreja) somos desafiados a permanecer firmes em nossas convicções ou a relativizar princípios, regras e conceitos alardeados em alto e bom som pela sociedade moderna. Contudo, precisamos crer que, mesmo não tendo o apoio da multidão, estamos protegidos e cercados por outra maioria, assim como aconteceu com o profeta Eliseu: “Tendo o moço do homem de Deus se levantado muito cedo, saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade com cavalos e carros. Então o moço disse ao homem de Deus: ‘Ai, meu senhor! que faremos?’. Respondeu ele: ‘Não temas; porque os que estão conosco são mais do que os que estão com eles’. E Eliseu orou, e disse: ‘Senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja’. E o Senhor abriu os olhos do moço, e ele viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo em redor de Eliseu” (II Re 6:15-17).

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Rev. Wildo dos Anjos é presidente e fundador da Missão Vida, instituição filantrópica pioneira no Brasil na área de recuperação de mendigos. Casado com Rosane é pai de quatro filhos. Pastor e autor de dezenove livros, já pregou em todas as capitais brasileiras e em mais de 50 países. Contatos: presidencia@mvida.org.br Fone: 62 3318 1985