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Arquivos setembro 2021

SEMINARIO VIDA E FOCO EM MISSÕES

“Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos” Salmos 91:10-11.

 

Dois jovens passavam por uma rua quando um deles disse: “Este é um local perigoso, evite andar por aqui”! O ouvinte, sem questionar, acreditou na afirmação e transmitiu a outros dois, que, por sua vez, também repassaram a informação. Em pouco tempo ninguém mais trafegava naquela rua. Até que alguém questionou o motivo de ser aquele trecho tão deserto e ninguém soube explicar. Às vezes, a transmissão de uma notícia ou ideia leva ao pânico e tem consequências graves, por isso, precisamos ter sabedoria para interpretar o que nos é passado.

O coronavírus é uma realidade, todavia, tenho mais medo do esfriamento do amor dos crentes das igrejas com suspensão dos cultos, que da pandemia em si.

É prudente obedecer às autoridades de governo e de saúde, mas se suspendermos os cultos, também devemos parar de andar de carro, fazer compras de supermercado, enfim, parar de viver. Esse é um momento muito oportuno e precioso para falar da volta de Jesus. Ao longo dos anos, muitos sinais vieram e este é mais um desses sinais.

Quando Deus queria amolecer o coração do Faraó para libertar o povo do Egito, muitas pragas vieram e algumas atingiram, inclusive, o povo de Israel. Apenas aquela em que o sangue do cordeiro foi passado nos umbrais das portas não chegou aos hebreus. Se pararmos de congregar, muitos terão seu amor esfriado. De outro lado, se congregarmos seguindo as orientações de que fiquem em casa as pessoas com sintomas da enfermidade; evitemos abraçar, beijar e ter contatos físico, evitaremos a proliferação do vírus.

A Missão Vida não pode interromper seus atendimentos. Quem cuidaria dos necessitados? Quem cuidaria dos mais de 800 internos? Martinho Lutero, durante a Peste Negra, afirmou: “Pedirei a Deus para, misericordiosamente, proteger-nos. Então farei vapor, ajudarei a purificar o ar, a administrar remédios e a tomá-los. Evitarei lugares e pessoas onde minha presença não é necessária para não ficar contaminado e, assim, porventura infligir e poluir outros e, portanto, causar a morte como resultado da minha negligência. (…) Se meu próximo precisar de mim, não evitarei o lugar ou a pessoa, mas irei livremente conforme declarado acima. Veja que essa é uma fé que teme a Deus, porque não é ousada nem insensata e não tenta a Deus”.

Os nossos internos estão, de uma certa maneira, mais protegidos que as pessoas que vivem nas cidades, porque os núcleos de recuperação são uma espécie de isolamento. Todos os cuidados serão tomadas, mas eles corriam mais risco fora que dentro do programa de recuperação, com ou sem coronavírus: visitas foram suspensas; a saída dos núcleos será reduzida ao essencialmente necessário; todas as recomendações das autoridades serão seguidas; acolhidos com sintomas de gripe comum serão colocados em repouso e isolamento por 14 dias.

Nossa comitiva com o Coral de 40 vozes de ex-mendigos cantando pelas crianças da África retornou de São Paulo e chegou a Goiás ontem à tarde. Foram feitas cinco apresentações com grande êxito. Todos que fazem parte do grupo estão em isolamento e serão observados com cautela no regresso a Cocalzinho/GO.

O Centro Educacional Vida em Anápolis, por se tratar de atendimento à crianças, terá suas atividades suspensas nas duas próximas semanas por determinação dos órgãos governamentais

Devemos nesse momento, orar por nós, pelos internos, mantenedores e colaboradores. Oremos pelo Brasil, pelo mundo, mas, sobretudo, pela África. A Europa e os países ricos têm infraestrutura e recursos financeiros, no entanto, os países pobres, em especial os africanos, não têm condições de lutar e superar uma pandemia dessa proporção. Oremos pela África. Enfim, oremos e não fiquemos em pânico.

A vontade do Senhor é soberana e mais poderosa do que qualquer pandemia.

“O justo jamais será abalado; para sempre se lembrarão dele. Não temerá más notícias; seu coração está firme, confiante no Senhor.” Salmo 112:6-7.

QUANDO O MILAGRE NÃO VEM


Vivemos uma vida em busca da felicidade. Todos queremos ser felizes, mas essa tal felicidade tem facetas diferentes a depender de aspectos pessoais e circunstâncias sociais. Por exemplo, para aquele que não tem energia elétrica em casa, ser feliz seria ter as facilidades da eletricidade, uma geladeira e uma televisão. Para quem tem acesso a esse recurso e utensílios domésticos, mas vive em uma cidade pequena, a felicidade poderia estar em morar numa cidade grande com inúmeras oportunidades profissionais.

Enfim, humanamente falando, o que me faz feliz pode não ter a menor importância para você e tantas outras pessoas. No entanto, a felicidade permanece como um alvo a ser alcançado, mesmo que este objetivo esteja em constante mutação. E, muitas vezes, ser feliz depende de um milagre que apenas Deus pode realizar. E, nesses momentos, quando o milagre não vem corremos o risco de descrença e revolta; instabilidade emocional e existencial; ausência de paz e fervor espiritual. O fato de Deus realizar o impossível em alguns, para alguns e algumas vezes são mistérios divinos e, por isso, a nossa fé não pode estar relacionada apenas aos benefícios que recebo. Precisamos compreender que o projeto de Deus para nossas vidas não se limita aos sinais de sucesso e prosperidade definidos pela sociedade em que vivemos.

Deus é muito maior que nossos anseios pessoais. Se para nós ser abençoado, geralmente, significa conforto e conveniências, olhando a vida de José descobriremos que, para Deus, santidade é melhor que conforto e sucesso; integridade é maior benção que felicidade (Gn 37). É preciso ter em mente, ainda, que o mesmo Deus está presente tanto na cura quanto no sofrimento. Ele está presente quando o milagre acontece e quando há dor: “Pela fé (…) obtiveram promessas, receberam pela ressurreição os seus mortos (…). Pela fé (…) foram torturados, provados, serrados pelo meio, mortos ao fio da espada (…). Ora, todos estes obtiveram bom testemunho por sua fé” (Hb 11:33-39). De tudo isso, o mais importante é a certeza de que Deus está sempre conosco, seja nos momentos de riso ou de lágrimas: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Assim, afirmemos confiadamente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei” (Hb 13:5,6). A partir do momento em que conseguimos entregar verdadeiramente nossas vidas a Ele, podemos descansar no amor e na fidelidade do Senhor, pois “o que faço não o sabes agora, compreendê-lo-ás depois” (Jo 13:7).

Somos seres humanos e sofrer não é uma fraqueza, mas uma realidade da qual não se pode fugir. Independente da fé, a dor existe, é real para quem a sente e negá-la é ser anti-humano e anticristão. É preciso tempo para processar o sentimento e, por isso, todos precisamos compreender e respeitar a dor do próximo. Jesus sofreu a perda de seu amigo Lázaro, respeitou o luto da família e chorou, mesmo sabendo que realizaria o milagre, e, com isso nos ensinou que não é proibido ao cristão sofrer. Contudo, quando a dor chegar, acontecerá de um jeito diferente e não como “os demais que não têm esperança” (1Ts 4:13). Achegar-se a Deus durante a tormenta é a nossa melhor opção. Muitas vezes, Deus prepara um culto, uma reunião de oração ou grupo familiar apenas com o propósito de consolar-nos e encorajar-nos. “E o Deus da Esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo” (Rm 15:13). Não sabemos a quem Deus vai favorecer e, enquanto viver, orarei para que o impossível aconteça, em todas as áreas e circunstâncias, em minha vida e na vida do povo de Deus.

PARECE QUE FOI ONTEM

38 anos! Parece que foi ontem que conheci o primeiro mendigo e me interessei por sua história.
Parece que foi ontem que, com a ajuda de alguns poucos amigos e familiares, comecei a distribuir sopa e cobertores aos moradores de rua da cidade de Anápolis. Parece que foi ontem que nasceu a ideia de construir um centro de recuperação para homens em situação de rua. Parece que foi ontem… No entanto, já se passaram 38 anos.

De uma ação isolada e individual, a Missão Vida tornou-se uma instituição reconhecida nacional e internacionalmente com 15 unidades em dez estados brasileiros em todas as regiões do país. Em 2017, a instituição ultrapassou as fronteiras do país e alcança cada vez mais pessoas, sempre primando pela qualidade do atendimento e a transparência no uso dos recursos.

Hoje, a Missão Vida oferece cerca de 1.000 vagas no programa de recuperação para homens em situação de rua e mais de 500 crianças e adolescentes em condição de vulnerabilidade recebem apoio psicopedagógico, alimentação e assistência em centros educacionais no Brasil e na África. Nossa equipe conta com mais de 200 pessoas, entre pastores, missionários, obreiros e funcionários, trabalhando diuturnamente com dedicação e amor.

A Missão Vida foi muito além dos meus sonhos mais ousados, mas estou certo de que estes eram os planos de Deus desde aquele início tímido. Entre sorrisos, lágrimas, bençãos e milagres, com a ajuda do povo de Deus e a infinita bondade e

misericórdia divinas, caminhamos com fé nessa missão que o Senhor nos confiou: amparar, resgatar e evangelizar.

Assim como todo o país, enfrentamos dificuldades durante a pandemia e tivemos que nos adaptar a uma nova realidade. A queda nas contribuições mensais e a impossibilidade de cooptar de novos mantenedores não impediram que continuássemos desenvolvendo nosso trabalho. Enquanto isso, os centros de quarentena permitiram que continuássemos acolhendo moradores de rua com segurança.

Já se passaram 38 anos, mas eu ainda me emociono com os testemunhos e as transformações. Deus nos deu o grande privilégio de poder ser instrumento de bênçãos na vida outros seres humanos. Apesar do trabalho duro, das preocupações diárias, do desafio ininterrupto, da constante pressão, nada é mais gratificante.

Hoje, depois de 38 anos, só tenho a agradecer. A Deus, por me permitir vivenciar milagres todos os dias por meio da Missão Vida; aos mantenedores, parceiros e colaboradores, por acreditarem em nosso ministério; à equipe incansável que caminha comigo, pela lealdade e confiança; à minha família e amigos, pelo apoio diário que me fortalece.

Já se passaram 38 anos, mas parece que foi ontem, e eu só tenho a agradecer!